Hoje, 27 de agosto, comemoramos o dia do psicólogo. Como manda a boa cartilha do politicamente correto, devemos sempre dizer e escrever "do psicólogo" e "da psicóloga", até por que, acredito que o número de mulheres ainda é bem superior ao de homens exercendo essa profissão.
É bastante comum em datas comemorativas, buscarmos sempre algo especial para mostrar, algo que nos represente, que sintetize aquilo que somos, temos, pensamos ou fazemos. Dada a já conhecida diversidade da Psicologia, a tarefa de encontrar algo comum às mais diferentes maneiras de defini-la, de dellimitar o seu objeto de estudo e de agir consoante com esses princípios, se torna praticamente (senão totalmente!) impossível. Todavia, entre a imponderável e "obsoleta" ALMA (termo presente na raiz etimológica da palavra Psicologia, praticamente em desuso na atualidade) e o pretensamente objetivo COMPORTAMENTO (o Behaviorismo chegou a ser cogitado como o nome mais adequado para substituir Psicologia), creio que grande parte daqueles que fazem parte do nosso métier aceitam que a MENTE (com toda polissemia que o termo carrega), mesmo não sendo o único, é o principal objeto de estudo da Psicologia.
Em verdade, a capacidade de "ter acesso" ao conteúdo mental de outrem não é um privilégio exclusivo dos psicólogos ou de outros profissionais da área PSI. O que nos diferencia das outras pessoas é, certamente, a qualidade deste acesso, já que a inferência de estados mentais como crenças, desejos, sentimentos, etc., é uma característica fundamental na espécie humana. Desde o famoso artigo dos primatologistas David Premack e Woodruff (1978), há um intenso debate sobre a possível existência de uma Teoria da Mente em primatas não humanos. Teoria da Mente (Theory of Mind), aliás, foi o termo proposto por esses últimos autores que inauguraram um campo de pesquisa bastante profícuo e de significativo valor para a compreensão do comportamento humano.
Em verdade, a capacidade de "ter acesso" ao conteúdo mental de outrem não é um privilégio exclusivo dos psicólogos ou de outros profissionais da área PSI. O que nos diferencia das outras pessoas é, certamente, a qualidade deste acesso, já que a inferência de estados mentais como crenças, desejos, sentimentos, etc., é uma característica fundamental na espécie humana. Desde o famoso artigo dos primatologistas David Premack e Woodruff (1978), há um intenso debate sobre a possível existência de uma Teoria da Mente em primatas não humanos. Teoria da Mente (Theory of Mind), aliás, foi o termo proposto por esses últimos autores que inauguraram um campo de pesquisa bastante profícuo e de significativo valor para a compreensão do comportamento humano.
Teoria da Mente (vale a pena ler Jou & Sperb, 1999) diz respeito à capacidade de imputar estados mentais (como conhecimento, crenças, desejos, intenções) a si mesmo e aos outros indivíduos. A despeito das variações decorrentes das abordagens teórico/metodológicas, estima-se que as crianças adquirem essa capacidade entre os 3 e 5 anos de idade. O critério mas comumente utilizado (como tudo em psicologia, também sujeito a críticas) para avaliar a conquista desta capacidade é o desempenho das crianças na chamada prova de falsa crença. Como bem representado no vídeo abaixo e esquematizado na figura ao lado, a prova de falsa crença consiste em solicitar aos participantes que antecipem o comportamento de uma determinada personagem (geralmente uma boneca) que não possui o mesmo conhecimento sobre a situação que o sujeito que deve prever possui. Se este sujeito afirma que a personagem irá se comportar de acordo com a informação que ele tem (mas ela não), isto significa que ainda não desenvolveu plenamente a teoria da mente. Se o sujeito, entretanto, abstrai o seu próprio conhecimento e consegue pensar a partir do conhecimento (neste caso, do que falta) do outro, significa que ele se encontra em outro patamar de desenvolvimento, tendo adquirido (ou construido) uma Teoria da Mente.
| Representação esquemática da prova de falsa crença. |
Esta capacidade, desenvolvida ao longo da nossa trajetória filogenética, foi para oa nossos ancestrais e é, ainda hoje, crucial para a nossa vida em sociedade, pois nos ajuda a lidar com os outros a partir de um ponto de vista que não é unicamente o nosso, tornando-nos capazes de comunicar, predizer comportamentos, reconhecer sentimentos, estabelecer relações de empatia e cumplicidade. Sem esse componente no nosso amplo leque de habilidades, talvez não chegássemos a constituir sociedades organizadas. Se conseguíssemos, seria certamente uma sociedade de autistas, já que diversos estudos têm demonstrado que o autismo é uma patologia decorrente de um problema no desenvolvimento da teoria da mente.
A partir, portanto, de teorias SOBRE a mente (ou sobre o funcionamento mental, a consciência, a alma ou o comportamento) os psicólogos (e também os educadores!!!) devem buscar dar continuidade ao desenvolvimento da sua Teoria da Mente natural, para que possa exercer da melhor maneira possível essa tarefa de compreender o outro em qualquer que seja o contexto de atuação.

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