sexta-feira, 28 de maio de 2010

Emilia Ferreiro e a alfabetização!


Desde a década de 1980, quando Emília Ferreiro publicou as suas pesquisas sobre aquisição da língua escrita, este campo teórico nunca mais foi o mesmo. As idéias dessa pesuisadora Argentina, que se doutorou em Genebra, sob a orientação de Jean Piaget, repercutiram em todo o mundo e milhares de pesquisas foram realizadas com crianças na fase inicial da escolarização (e até com jovens e adultos), tendo os seus achados como referência.
Aqui no Brasil não foi diferente. Muito se falou e escreveu sobre a "alfabetização construtivista" e vários cursos de "capacitação" foram (e ainda são) oferecidos a professores alfabetizadores. Infelizmente, toda essa movimentação não parece ter atingido os resultados esperados. Nossas crianças, nossos jovens, e até mesmo os adultos, ainda sofrem para aprender a ler e escrever, e a qualidade dessa aprendizagem parece piorar a cada ano letivo.
Não é gratuita, portanto, a dura crítica que a autora endereça aos brasileiros por travarem debates, na sua opinião, infundados e infrutíferos. Talvez o resultado desses devaneios teóricos se materializem na incapacidade que muitos dos nossos alunos, que cursam séries avançadas do ensino fundamental (e até do ensino médio), de se apropriarem do significado de pequenos textos ou de escreverem algo que tenha sentido para qualquer leitor competente.
O vídeo acima - um trecho de uma conferência da própria Emília Ferreiro - objetiva trazer a baila o debate sobre as questões relativas à alfabetização, além de chamar a atenção dos internautas para a nova página deste blog, intitulada Alfabetização e Letramento. Acessem, participem, critiquem, sugiram e divulguem!


Livros sobre Emília Ferreiro e sua teoria:



4 comentários:

  1. iron,muito me interesso por essa aréa,tenho a impressão que esse blog será util durante e após o curso.Parabéns pela iniciativa!!!!

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  2. Apesar de não ter se identificado, agradeço pelo incentivo e espero que as novas postagens sejam ainda mais úteis!

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  3. Iron, são muito produtivos esses debates sobre o processo de aquisição da língua escrita e da leitura.
    Conforme o documentário e segundo alguns escritos de Emilia Ferreiro, ela concebe que alfabetização e letramento têm o mesmo sentido, já que contesta a distinção dos termos, quando entende que o termo "letramento" é desnecessariamente utilizado porque o processo de alfabetização compreende o acesso à cultura escrita, isto é, numa perspectiva de letramento. Logo, não seria necessário dissociar os dois termos.
    Parece lógica e coerente esta afirmação. No entanto, discordo neste sentido de Ferreiro, pois a imprecisão na definição dos conceitos de ALFABETIZAÇÃO e LETRAMENTO pode influenciar em alguns fracassos na aquisição da língua.
    Não podemos nos esquecer que Ferreiro discorre sobre o processo de aprendizagem da escrita, mas não aborda a maneira que este aluno pode ou deve aprender...este problema metodológico continua sendo do professor(a). Com isto não menosprezo o trabalho desta importante autora, responsável por uma revolução conceitual na educação: o foco de estudo passa a ser o aluno, como ele aprende?! Todavia, é preciso tecer algumas considerações:
    Conforme Lúcia Rego, é preciso contemplar dois processos na aprendizagem da escrita e da leitura, que compreende os usos sociais da escrita e também sua compreensão através de atividades que envolvem a consciência fonológica, a fim de evidenciar as relações entre as unidades sonoras da palavra com sua forma gráfica.
    Além do que já foi dito, Magda Soares (2003) distingue os dois termos ALFABETIZAÇÃO e LETRAMENTO, reconhecendo o mérito conceitual de cada um. Faz-se necessário, portanto, explicitar a especificidade da alfabetização, que se refere ao “processo de aquisição e apropriação do sistema de escrita, alfabético e ortográfico” (SOARES, 2003, p. 16) e do letramento, que corresponde aos usos sociais da leitura e escrita.
    Por fim, é preciso que se ALFABETIZE LETRANDO, ou seja, apesar das especificidades dos termos acima discutidos, ao mesmo tempo, necessário se faz registrar a INDISSOCIABILIDADE desses termos para permitir ao discente uma exitosa apreensão da língua escrita e da leitura.

    Espero ter colaborado em prol deste debate caloroso a respeito da alfabetização e do letramento e quem quiser pode debater comigo!

    Um abraço,
    Jamille Moraes.


    REGO, Lúcia L. B. Alfabetização e letramento: refletindo sobre as atuais controvérsias. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alfbsem.pdf
    SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf

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  4. Jamille, fiquei tentado a minimizar as divergêncas conceituais, seguindo a linha da Emilia Ferreiro. Confesso que estou sem paciência para algumas discussões na área da educação e da psicologia educacional, que se revelam apenas disputas acadêmicas carregadas de vaidades e que pouco ajudam o professor, que fica se sentindo como um cego em meio a esse tiroteio conceitual.
    Entretanto, por uma certa honestidade intelectual, não tomarei um partido - no caso, o da Emilia Ferreiro - simplesmente por desconhecer as discussões sobre letramento. Li bastante E. Ferreiro, mas essas leituras ficaram lá pela década de 90. Meus interesses em psicologia me levaram para outras direções.
    Creio, contudo, que devemos, sempre que possível, ser parcimoniosos quando da apresentação de novos conceitos. É importante lembrar que o professor alfabetizador, aquele que mete a mão na massa, não tem tempo para devaneios teóricos e necessita de algo que o oriente no fazer diário para que este tenha mais qualidade.
    Abço!

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