sábado, 28 de agosto de 2010

Como se fosse gente grande...







O livro do Philippe Ariès - "História Social da Criança e da Família" - é uma referência obrigatória para quem quer compreender as mudanças na concepção de infância na nossa cultura ocidental. Nesta obra, o autor descreve a maneira como se lidava com os infantes, que, para o pensamento da época, não passavam de "adultos em miniatura", expressão que já ficou popular dentre os que tratam do tema.
"Rainha Henrietta Maria"
Frans Pourbus Séc XVI
Mais recentemente, ainda em nossa cultura, com a diminuição da taxa de natalidade e o aumento da probabilidade de sobrevivência, resultado dos avanços sócias e das condições de saúde, os filhos das classes sociais com algum poder aquisitivo, deixaram de ser importantes na composição do orçamento doméstico. A concepção de criança foi sendo pouco a pouco "infantilizada". Com os avanços das teorias psicológicas, passou-se a enxergar os primeiros anos de vida como uma etapa diferenciada no desenvolvimento das pessoas, com repercussões duradouras sobre o restante de suas vidas.
"Retrato de Criança"
Mirabello Cavalori Séc. XVI
A infância seria, portanto, uma fase de liberdade, onde a felicidade deve estar sempre presente (pelo menos, em tese), e quem se encontra nesta etapa da vida, caracteriza-se por diferenças não apenas quantitativas, mas principalmente qualitativas,em relação àqueles que a ultrapassaram.
 A despeito de toda essa mudança na maneira de se conceber a infância, os tempos atuais parecem querer reviver a idéia de criança como "adulto em miniatura". Se o trabalho infantil é visto como nocivo para o bom desenvolvimento, sendo combatido pelas autoridades e organizações pró-criança, o consumo nessa faixa etária ainda não parece incomodar aqueles que fazem nossas leis.
O que resulta desse descaso de uma parte da nossa sociedade (família, governo, escola), é uma "brecha" significativamente bem aproveitada por uma outra parte (indústria, comercio e serviços), que se utiliza do lugar central das crianças nas famílias de hoje, para induzi-las ao consumo desenfreado, inculcando e antecipando em meninos e meninas, aspectos negativos do comportamento de homens e mulheres, cada vez mais preocupados com o acúmulo material, com a aparência, com a frivolidade e a ostentação.
O primeiro vídeo exibido nesta postagem é um trailer de um documentário intitulado "Criança, a alma do negócio", que pode ser baixado no site http://www.alana.org.br/, de uma organização que objetiva discutir o consumismo infantil. Há um outro documentário, sobre o mesmo tema que pode ser assistido no youtube, que se chama "Consumo de crianças - a comercialização da infância".
Os demais vídeos, são matérias sobre a vaidade infantil, um dos principais motores do consumo, já que a indústria da beleza dispõe de um leque bastante amplo de possibilidades (e preços!!!) para aqueles que desejam (ou são levados a desejar) estar sempre acompanhando as tendências da moda. É importante salientar, que nenhum dos comportamentos resultantes da influência da mídia sobre as "necessidades" da criança, são inofensivos. Além de moldar valores, eles podem ter um consequências nefastas para a própria saúde.
Vale a pena conferir!!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Educação familiar 2.0


Gagueira não tem graça, tem tratamento!





Resolvi repetir no título desta postagem o slogan de uma campanha que achei muito interessante, pois tenta conscientizar a população a respeito de um assunto sério, que costumamos abordar quase sempre de maneiras cujo limite entre o bom humor e o desrespeito não são muito nítidos: a gagueira.
Temos visto, ultimamente, esforços de varios segmentos da sociadade, como o objetivo de fazer valer os seus direitos enquanto cidadãos. Esses direitos que foram negados ao longo da nossa história, pelo simples fato de que algumas pessoas detentoras de poder e prestígio estabeleceram um padrão de normalidade que refletia a própria imagem delas.
É verdade que a aceitação das diferenças tem sido um tema frequentemente debatido nos diversos espaços sociais e foros de discussão e que muitas ações têm nascido desse empenho para que todos tenham oportunidades de realização das suas potencialidades enquanto seres humanos. Sabemos, entretanto, que estas idéias ainda levarão um bom tempo para se transformarem em elementos culturais plenamente integrados aos nossos comportamentos de acolhimento e tolerância em relação àqueles que possuem características físicas e/ou psicológicas que fogem ao nosso padrão ideal de constituição física/comportamento. 
A gagueira, assim como outros problemas de comportamento, pode parecer engraçada aos olhos de quem assiste, mas é certamente um sofrimento para aqueles que necessitam se comunicar e são alvo de todo tipo de interferência - da gozação à repreensão - fruto da imcompreensão da maioria das pessoas sobre o que é este problema e quais os prejuízos que ele acarreta à vida de quem tem dificuldade de fluência
Já que nossa escola tem buscado ser uma escola da inclusão, uma escola de todos, os vídeos foram selecionados para essa postagem (há muito mais no youtube) com o intuito de ajudar os professores - atuais e futuros - a saber um pouco mais sobre esse problema relacionado à linguagem, como se comportar diante de quem apresenta e quais são os riscos para aqueles que falam desta maneira, quando a escola não tem as suas ações pedagógicas calcadas no princípio de respeito às diferenças.