segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sex machine???



Pediram-me para que eu opinasse sobre uma matéria exibida ontem (05/09/2010), no programa dominical Fantástico, que discutia uma iniciativa do Governo Federal de colocar máquinas que distribuem preservativos em escolas públicas do ensino médio. Reproduzo, abaixo, o vídeo com a reportagem, para aqueles que, como eu, também não assistiram ao programa.
Apresentarei, aqui, meu ponto de vista sobre o tema. Mas, de saída, preciso deixar claro que não é um assunto sobre o qual eu tenha domínio. As questões relativas à educação sexual  e à saúde pública, nunca ocuparam lugar central em meu espectro de interesses. Sendo assim, ficarei tão satisfeito quanto aliviado, se algum dos visitantes desse blog puder trazer argumentos mais consistentes, para que, coletivamente, possamos refletir melhor sobre a referida iniciativa governamental.
Eu sou a favor da facilitação ao acesso da camisinha para os adolescentes. A ação do Ministério da Saúde se baseia em dados que apontam que essa população já tem uma vida sexual ativa. Contudo, nem todos eles dispõem de informação para solicitar os preservativos nos postos de saúde ou poder aquisitivo para comprá-los na farmácia. A distribuição gratuita e anônima, realizada por uma máquina colocada nos banheiros das escolas, pode (talvez!!!) levar a uma popularização do seu uso e uma consequente diminuição da proliferação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e dos índices de gravidez precoce e indesejada.
Em relação ao argumento de que o acesso livre aos preservativos, em ambiente escolar, banalizaria o ato sexual e induziria os adolescntes a uma prática indiscriminada, creio que é uma posição preconceituosa, de quem não tem paciência para observar os comportamentos humanos. Não me consta que adolescentes (e também adultos) saudáveis precisem de fatores externos para "motivá-los" à prática do sexo. Logo após a puberdade, o sexo passa ser o tema central dos pensamentos, sonhos e conversas dos meninos e meninas que ainda estão se acostumando como seu corpo "novo". As únicas coisas que os impedem de transformar essas "imagens mentais" em atos são a timidez, a falta de oportunidade de ficarem a sós, a falta de parceiros (as) ou uma sólida educação familiar, que os levem a refletir se aquele/a é o/a momento/pessoa ideal para dar vazão ao seu desejo. 
Pensar que a grande maioria dos adolescentes, diante da possibilidade de ter uma relação sexual, não o fará por que não dispõe de preservativo no momento, é apostar demais numa racionalidade que, definitivamente, não entrará em jogo nessas situações. Quando observamos os números sobre a AIDS, vemos que mesmo os adultos não têm o auto-controle esperado para os adolescentes, sabidamente mais impulsivos e inconsequentes. Se a camisinha não motivará, e a falta dela não impedirá a concretização do ato sexual, tê-la à mão neste momento pode sim evitar que se corram riscos desnecessários e sofram consequências desagradáveis pelo resto de suas vidas. 
Quanto à ideia de que a distribuição de camisinha banalizaria o sexo, é só ficar atento aos meios de comunicação para perceber que o sexo já está banalizado. Nos noticiários, nos programas de auditório vespertinos, nas novelas infanto-juvenis, nos vídeos "acidentalmente" postados na internet, enfim, temos uma banalização e vulgarização do comportamento sexual. E, nesse sentido, nossa sociedade ainda guarda a hipocrisia habitual em relação ao assunto, pois acha o máximo quando as celebridades revelam na TV qual o lugar mais "estranho" que já fizeram amor, mas querem expulsar alunos que foram pegos no banheiro da escola. 
Temos que aprender com a experiência. Esta experiência que se revela por meio das estatísticas, que evidenciam que o não enfrentamento da questão, por tabus, preconceito ou desinformação, resultou em AIDS, DSTs, mães e pais precoces e abortos clandestinos. É dever da sociedade preservar a saúde das crianças, adolescentes e jovens, bem como seu futuro, seus sonhos e sua felicidade. E isto certamente inclui a prática responsável do sexo.


5 comentários:

  1. Para além das máquinas acredito que seja preciso também orientar melhor os adolescentes para o risco do sexo "inseguro". A falsa crença da "imunidade" leva-os a acreditar que nada de ruim irá acontecer com eles. Eu sei porque já fui adolescente, sabe? ;-)

    Gostei do seu comentário, Iron. E concordo com vc: da mesma forma q a ausência das camisinhas não inibe as relações sexuais entre os adolescentes, tão pouco a presença das mesmas irá "desperta-los" para o sexo.

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  2. Pois é, Tamar. Sexo, talvez, mas SEMPRE seguro! Nada melhor que o testemunho de uma ex-adolescente, hoje uma quase coroa regenerada, para ratificar a minha cambaleante opinião.
    Bjos.

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  3. Concordo Iron, desde que junto a utilização das máquinas as escolas e o "estado" se preocupem em orientação, quanto as DST's, utilizacao de preservativos, etc...Alias orientacao que deveriam receber em casa, mas...
    Porque colocar as maquinas nas escolas? Acesso a camisinha?? Nao é vergonhoso ir a farmacia comprar hoje em dia. Recursos financeiros? Talvez, mas há destribuiçao gratuita nos postos.
    Entao volto e reforço...pra mim orientacao vem em primeiro lugar. A maquina é uma consequencia positiva desse momento.
    Abraço!!

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  4. Certamente, Quézia. O que vai levar alguém a fazer sexo ou não, a usar ou não usar camisinha, uma vez que o acesso não seja dificultado, vem da orientação que essas pessoas recebam da família e da escola, embora essa última já esteja bastante sobrecarregada de responsabilidades...
    Abço.

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  5. Acredito também que está faltando diálogo no lar, além da discussão do tema na escola. Mas será que conseguiremos acompanhar esta evolução nas práticas sexuais destes adolescentes? Confesso que fiz um curso de sexualidade e tentei na primeira oportunidade abrir uma discussão na sala e fiquei CHOCADA!!!! Uma coisa é a prática de sua sexualidade outra coisa é a promiscuidade. Imaginem que uma aluna disse que as professoras são todas "encruadas" e não sabem o que é bom?!

    O uso destas máquinas nas escolas não sei se vai resolver o problema ou auxiliar nas DSTs, somente o tempo dirá. Só espero que tudo não passe de uma "brincadeira", transferindo TODA a responsabilidade para a escola em auxiliar estes adolescentes nas diversas descobertas sexuais.

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