segunda-feira, 26 de julho de 2010

Palmadas: sim, não ou talvez?

Atendendo a pedidos, estou iniciando uma discussão sobre o polêmico projeto de lei que quer proibir os castigos físicos na educação de crianças e adolescentes, também conhecido como lei contra as palmadas. De saída, devo deixar claro que sou contra a palmada (veja postagem na página Família e Escola). Não vou tomar o caminho daqueles que argumentam que apanharam (ou não) e hoje são "boas pessoas". Diante de tantos fatores que interferem no desenvolvimento do sujeito, não dá pra se fazer uma relação consistente entre o efeito das palmadas (quantas vezes, por quais motivos, com que força, etc., etc.) e a constituição da personalidade (o que é mesmo ser uma boa pessoa, ou uma pessoa de bem?).
Na minha modesta opinião, de quem ainda não teve flhos para ser desafiado pela experiência, a palmada é um ótimo recurso... ...pra quem bate!!! A palmada aparece quando faltam os argumentos, quando a autoridade acaba, quando cessa o diálogo e a paciência se esgota. A palmada acalma, descarrega a tensão, relaxa mesmo... ...quem a desfere. Qualquer justificativa que ressalte o caráter pedagógico da palmada, é uma tentativa de aliviar a culpa pela falta de recursos para lidar com a inerente desobediência infanto-juvenil (veja as explicações da Susana Herculano-Houzel, na página de Neurociência).
A palmada põe um ponto final no comportamento desobediente, resolvendo mais celeremente o impasse entre pais e filhos. Educação, todavia, não se faz com ações de objetivos a curto prazo. Nossa experiência nos mostra, que aquilo que tem um baixo custo no presente, pode trazer prejuízos com o passar do tempo. A boa educação, tem que visar o futuro, e a palmada não prepara para ele, pois não dá nenhum recurso à criança ou ao adolescente para que estes possam refletir posteriormente sobre seus erros e optar por atitudes mais adequadas.
Apesar de ser contra a palmada, porém, não sei, ainda, se sou a favor da lei que a proíbe, proposta pela deputada Maria do Rosário do PT do RS (para ler o texto e construir uma opinião mais abalizada clique aqui). Penso que a lei poderá ter as mesmas características daquilo que ela tenta coibir: suprime o diálogo, inibe a reflexão e  diminue a autonomia. No seu texto, o projeto fala sobre o papel do Estado na divulgação de uma nova cultura educacional que prescinda dos castigos físicos. Na prática, será que poderemos esperar que essa divulgação a conteça? Não é o que temos visto, principalmente se tomarmos o exemplo bastante recente da chamada lei seca, que salvou centenas de milhares de vidas logo após a sua implantação e que, pouco tempo depois, caiu em completo desuso.
Espero que os comentáros que apareçam em função desta postagem me ajudem a refletir melhor sobre essa ação do governo e que eu possa me posicionar com mais clareza sobre o tema. Por enquanto, seguirei com essa dúvida metódica, até achar um bom argumento ao qual me agarrar. Portanto, ajudem-me a pensar, senão...






Para ler:

5 comentários:

  1. Sou Psicologa de formação, mas falando como mãe (tenho 2 filhos, com personalidades completamente diferentes)e dentro da minha limitada percepção da realidade, não sou especialista no assunto, não sou contra a palmada. Não me condenem, vou explicar o meu ponto de vista. Não gosto de agressão, acredito na força e poder do amor e do dialogo, e não existe nada na vida que eu ame mais que meus filhos. Não defendo a palmada como uma forma de descarregar a raiva, como foi colocada acima, pois no momento da raiva -seja qual for a situação - é melhor se conter. Nem tão pouco para crianças maiores. Educar uma criança no dia a dia é muito mais complexo do que pode parecer, é um desafio constante. Mas têm momentos que a criança desafia, que o dialogo não funciona e ela precisa conhecer limites... e a "linguagem" que ela entende é a contenção física. Me entendam, de forma alguma, falo de surra, uso de objetos ou espancamento...sei do risco do limite da agressividade, e até entendo o objetivo da Lei. Sei que acontecem maus tratos monstruosos com crianças em nome da educação. Nem de longe é disso que estou falando. Para ser sincera apliquei a "palmada" pouquissímas vezes, e quase sempre com o mesmo filho, mas muito mais por amor a ele, que qualquer outra coisa...

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  2. Cara psicóloga anônima,
    Enquanto eu estiver a frente deste blog, não haverá condenação pelas opiniões aqui defendidas. Este é um espaço para o debate e não se faz debate sem pontos de vista distintos.
    Da minha parte, entendo perfeitamente seus argumentos. Mas, observe que você concorda comigo quando digo que a palmada aparece quando se extinguem os outros recursos. Sendo assim, a palmada é resultante da limitação de quem bate e não da necessidade de limites de quem apanha. Todos nós, psicólogos, professores e principalmente pais e mães precisamos aprender a resolver os enfrentamentos infanto-juvenis de uma maneira que realmente eduque e que não tenha apenas a função de conter a malcriação naquele instante.
    Confesso que escrevo essas linhas muito mais para refetir sobre o assunto, do que para veicular uma convicção fundamentada.
    Peço que continue participando das nossas discussões e comentando nossas postagens. No entanto, seria interessante você se identificar da próxima vez.
    Saudações!

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  3. sem opcao pra votar...a favor da palmada e a favor da lei para conter os excessos...espancamento nao...

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  4. Querida Ivone,

    Mas a lei proíbe castigos físicos de QUALQUER intensidade. Ou seja, nem aquela "palmadinha de leve" será permitida (no corpo da postagem tem um link pro texto da lei). Por isso, não consta essa sua opção.
    Abço.

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  5. Bom sou afavor da palmada, mas sou contra o espancamento.
    Espancar é bem diferente de educar.
    Eu sempre apanhei e nunca "morri" por isto.
    Se os meus pais me batião é pq eles tinham motivos para isto.
    Agradeço a eles por terem me dado palmadinhas quando criança, pois aprendi com os erros do passado, hoje, que ñ devo jamais repetir tudo o q eu havia feito.

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