Memória e emoções
Há 6 anos
Este site objetiva servir de apoio virtual aos estudantes de psicologia, pedagogia e licenciaturas, bem como aos professores(as), psicólogos(as), psicopedagogos(as) e todos(as) aqueles(as) que trabalham direta ou indiretamente com educação e possam se valer dos conhecimentos aqui contidos.
Não menos drástica, entretanto, é a solução encontrada por alguns professores para lidar com a construção (???) do conhecimento em sala de aula. Como podemos comprovar nos vídeos postados abaixo, alguns docentes resolveram aderir ao lema "se não pode com eles, junte-se a eles"! Sob a justificativa de tornar o conhecimento mais atraente ou de falar a linguagem do aluno (que em um dos vídeos é associado a cliente), os professores usam termos chulos e até mesmo distorcem a história. Esta trágica opção para manter a atenção dos alunos e uma possível facilidade de recordação do conteúdo no futuro, na minha opinião, ajuda a banalizar e desqualificar ainda mais o trabalho docente, pois confunde bom professor com animador ou palhaço, e associa os professores sérios (carrascos, caxias, cdfs) a maus professores.
Além disso, existe uma probabilidade muito grande dos alunos simplesmente distorcerem o conhecimento, já que estabelecem relações completamente arbitrárias entre o conteúdo e a forma como é veiculado, sem uma preocupação com a compreensão. É possível que lembrem a piada, mas não lembrem a que assunto se referem, nem como utilizar o conteúdo recordado para resolver a situação problema.
Entre essas mudanças, a aceitação da diversidade da espécie humana é a que mais me chama a atenção. Não me recordo (e isso pode ser só um equívoco de memória) de ter visto há 30, 20 anos atrás, tantos movimentos sociais e ações governamentais (decorrentes destes movimentos) para que direitos e oportunidades relativas à vida cidadã fossem repartidos de maneira igualitária. Grupos que historicamente foram alijados da melhor fatia do bolo da vida social, como a participação política, educação, saúde, moradia, emprego, renda e o consequente consumo, hoje têm um cenário mais favorável. Mulheres, homossexuais, portadores de deficiência e não-brancos, às custas de muito esforço, conseguiram avanços significativos na busca de igualdade com "o macho-adulto-branco-sempre-no-comando", referido por Caetano Veloso, na canção "O estrangeiro".
Esse fato suscita a reflexão sobre dois aspectos importantes, nele embutidos. Primeiro, como disfarçada e sorrateiramente aqueles privilegiados historicamente (os machos adultos brancos) pelas idéias racistas, ajudam a manter essas idéias, incutindo no pensamento daqueles que ainda estão em processo de formação (como as nossas crianças e jovens em idade escolar), de uma forma tão naturalizada, que um negro de baixa estatura não pode ser reconhecido pelo seu talento se não parecer um loiro, alto e de olhos azuis.