Atendendo a pedidos, estou iniciando uma discussão sobre o polêmico projeto de lei que quer proibir os castigos físicos na educação de crianças e adolescentes, também conhecido como lei contra as palmadas. De saída, devo deixar claro que sou contra a palmada (veja postagem na página Família e Escola). Não vou tomar o caminho daqueles que argumentam que apanharam (ou não) e hoje são "boas pessoas". Diante de tantos fatores que interferem no desenvolvimento do sujeito, não dá pra se fazer uma relação consistente entre o efeito das palmadas (quantas vezes, por quais motivos, com que força, etc., etc.) e a constituição da personalidade (o que é mesmo ser uma boa pessoa, ou uma pessoa de bem?).
Na minha modesta opinião, de quem ainda não teve flhos para ser desafiado pela experiência, a palmada é um ótimo recurso... ...pra quem bate!!! A palmada aparece quando faltam os argumentos, quando a autoridade acaba, quando cessa o diálogo e a paciência se esgota. A palmada acalma, descarrega a tensão, relaxa mesmo... ...quem a desfere. Qualquer justificativa que ressalte o caráter pedagógico da palmada, é uma tentativa de aliviar a culpa pela falta de recursos para lidar com a inerente desobediência infanto-juvenil (veja as explicações da Susana Herculano-Houzel, na página de Neurociência).
A palmada põe um ponto final no comportamento desobediente, resolvendo mais celeremente o impasse entre pais e filhos. Educação, todavia, não se faz com ações de objetivos a curto prazo. Nossa experiência nos mostra, que aquilo que tem um baixo custo no presente, pode trazer prejuízos com o passar do tempo. A boa educação, tem que visar o futuro, e a palmada não prepara para ele, pois não dá nenhum recurso à criança ou ao adolescente para que estes possam refletir posteriormente sobre seus erros e optar por atitudes mais adequadas.
Apesar de ser contra a palmada, porém, não sei, ainda, se sou a favor da lei que a proíbe, proposta pela deputada Maria do Rosário do PT do RS (para ler o texto e construir uma opinião mais abalizada clique aqui). Penso que a lei poderá ter as mesmas características daquilo que ela tenta coibir: suprime o diálogo, inibe a reflexão e diminue a autonomia. No seu texto, o projeto fala sobre o papel do Estado na divulgação de uma nova cultura educacional que prescinda dos castigos físicos. Na prática, será que poderemos esperar que essa divulgação a conteça? Não é o que temos visto, principalmente se tomarmos o exemplo bastante recente da chamada lei seca, que salvou centenas de milhares de vidas logo após a sua implantação e que, pouco tempo depois, caiu em completo desuso.
Espero que os comentáros que apareçam em função desta postagem me ajudem a refletir melhor sobre essa ação do governo e que eu possa me posicionar com mais clareza sobre o tema. Por enquanto, seguirei com essa dúvida metódica, até achar um bom argumento ao qual me agarrar. Portanto, ajudem-me a pensar, senão...
Para ler: